O período histórico da civilização egípcia começa por volta de 4000 a.C. Os primitivos clãs haviam sido transformados em províncias ou nomos, e seus chefes elevados à dignidade real. Mais tarde foram agrupados em dois grandes reinos: um ao norte, cujo primeiro rei-deus foi Horus, e outro ao sul, que teve Set como primeiro rei-deus. Por volta do ano 3300 a.C., segundo a tradição, o reino do sul venceu o do norte. Quando as dinastias humanas sucederam às dinastias divinas, Menés, personagem lendário e apontado como unificador do Egito, se tornou o primeiro faraó. A capital era, segundo alguns autores, Mênfis, e segundo outros, Tinis, nas proximidades de Abidos. Menés é identificado como Narmeza (Narmer), representado, num relevo de Hieracômpolis, com as duas coroas dos reinos unificados. As primeiras dinastias eram denominadas tinitas por terem a capital em Tinis. Neste período houve um aumento da prosperidade econômica do país, incrementado pelas expedições à costa do mar Vermelho e às minas de cobre e turquesa do Sinai. Com a III dinastia, iniciada em 2650 a.C., a capital foi trasladada para Mênfis e os faraós iniciaram a construção das pirâmides, grandes túmulos reais. Inicia-se então o chamado Antigo Império, que vai até a VIII dinastia. Erguem-se as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, faraós da IV dinastia, e a esfinge de Gizé. A arte egípcia já se apresentava com todas as suas características, nessa época de maior esplendor da civilização egípcia. O território se estendeu até a segunda catarata do Nilo, e realizaram-se expedições à Núbia e à Líbia. Aumentou o comércio marítimo no Mediterrâneo oriental e se iniciou a exploração das minas de cobre do Sinai, das pedreiras de Assuã e do deserto núbio. A VI dinastia realizou expedições à península do Sinai e sob Pepi II multiplicaram-se as imunidades concedidas aos nobres. Os chefes dos nomos se tornaram mais independentes e desapareceu o poder centralizador do faraó. Após longa fase de lutas internas, que marcaram o fim do Antigo Império, o Egito entrou em decadência. No século XXII a.C., os príncipes de Tebas afirmaram sua independência e fundaram a XI dinastia, dos Mentuhoep, dando início ao Médio Império, que durou de 1938 a c. 1600 a.C., com capital em Tebas. Sobressaíram na XII dinastia, também tebana, Amenemés I, Sesóstris I e Amenemés III, que colonizaram a Núbia e o Sudão, intensificaram o comércio e as relações diplomáticas e fizeram respeitar as fronteiras egípcias. O segundo período intermediário, que abrange da XIII à XVII dinastia, entre c. 1630 e 1540 a.C., é de história obscura. Sob a XIV dinastia ocorreu a invasão dos hicsos. Os monarcas da XVII dinastia abriram luta contra eles e ferimentos encontrados na múmia de Seqenenre parecem indicar sua morte em combate. Ahmés ou Ahmose I assumiu o comando, expulsou definitivamente os hicsos e fundou a XVIII dinastia. Iniciou-se então o mais brilhante período da história egípcia, o chamado Novo Império, entre 1539 e 1075 a.C., que abrange também a XIX, a XX e a XXI dinastias. Como grandes conquistadores, sobressaíram Tutmés I e III, da XVIII dinastia, Ramsés II (XIX dinastia), Ramsés III (XX dinastia) e Iknaton, Akenaton ou Amenhotep IV (XVIII dinastia), por sua reforma religiosa. Após cerca de trinta anos de paz interna, o Egito, rico e forte, pôde entregar-se às novas tendências imperialistas. Tornou-se um estado essencialmente militar e por 200 anos dominou o mundo então conhecido. Alargaram-se as fronteiras do país, da Núbia até o Eufrates. Os príncipes da Síria, Palestina, Fenícia, Arábia e Etiópia pagaram-lhe tributos. O tratado firmado em 1278 a.C. com Hattusilis III terminou com a secular guerra com os Hititas. O luxo e o poder econômico refletiram-se nas grandes construções desse período. Com Ramsés XI findou o Novo Império. Rebentaram guerras civis e o Egito entrou em decadência, perdeu territórios e sofreu invasões. Por volta de 722-715 a.C., uma dinastia etiópica, com capital em Napata, restaurou parcialmente a unidade nacional. Em 667 a.C., Assaradão invadiu o Egito e ocupou Mênfis. Em 664 a.C., Assurbanipal tomou e saqueou Tebas. Os egípcios, comandados pelos chefes do delta, reagiram e em 660 a.C., Psamético I, fundador da XXVI dinastia, expulsou os assírios. O Egito voltou a conhecer nova fase de esplendor, chamada de renascimento saítico, devido ao nome de sua capital, Saís. Em 605 a.C., Necau II tentou conquistar a Síria, mas foi derrotado por Nabucodonosor. Em seu governo concluiu-se o canal de ligação entre o Mediterrâneo e o mar Vermelho e, sob seus auspícios, marinheiros fenícios contornaram a África. Em 525 a.C., o último soberano nacional egípcio, Psamético III, foi derrotado e morto por Cambises, rei dos persas, em Pelusa.Egito foi incorporado ao Império Persa como uma de suas províncias (satrapia). A partir de então, até Artaxerxes II, reinou a XXVII dinastia persa. A organização social e religiosa foi mantida e registrou-se certo desenvolvimento econômico. A libertação do Egito se deu em 404 a.C. Com Armiteu, único faraó da XXVIII dinastia, a aristocracia militar do delta subiu ao poder. As instituições e a cultura revigoraram-se sob as XXIX e XXX dinastias. Depois de saquear o país, Artaxerxes III restaurou a soberania persa, em 343 a.C. O segundo período da dominação persa terminou em 332 a.C., quando Alexandre o Grande da Macedônia, vitorioso, entrou no Egito, após derrotar Dario III. Alexandre foi recebido como libertador e fez-se reconhecer como "filho de Amon", sucessor dos faraós, prometendo respeitar as instituições e restaurar a paz, a ordem e a economia. Lançou as fundações da cidade de Alexandria. Com sua morte em 323 a.C., o controle do Egito passou a um de seus generais, Ptolomeu I, que a partir de 305 a.C. iniciou a Dinastia dos Lágidas. Dentre seus herdeiros destacaram-se, inicialmente, Ptolomeu Filadelfo, cujo reinado durou de 285 a 246 a.C. e se notabilizou pela expansão comercial, a construção de cidades, e a criação de um museu e da biblioteca de Alexandria; sucedeu-lhe Ptolomeu Evérgetes, que reinou de 246 a 222 a.C. e impulsionou as letras e a arquitetura; e finalmente Ptolomeu Epífano, coroado em 196 a.C., que foi homenageado com a redação do decreto da pedra de Rosetta, em 204 a.C. Atacado por reinos helenísticos, o Egito colocou-se sob proteção romana, com submissão cada vez maior. Seguiram-se vários e cruéis reinados dos lágidas, até Ptolomeu Auletes que, com apoio romano, permaneceu no poder até 51 a.C., quando foi expulso pelos egípcios. Sua filha Cleópatra VII desfez-se, sucessivamente, de dois irmãos e apoiou-se no imperador romano Julius Caesar. Com a morte deste, em 44 a.C., ligou-se a Marcus Antonius, mas diante da derrota frente às esquadras romanas, e do assassinato, ordenado por Octavius Augustus, do jovem Ptolomeu Caesar, filho que tivera com Julius Caesar, suicidou-se em 30 a.C. O Egito foi então transformado em província romana. Soberanos de direito divino e culto imperial, os lágidas restauraram os templos, honraram a classe sacerdotal e entregaram a administração aos gregos. Alexandria, cidade grega por suas origens, comércio e cultura, foi o centro intelectual e comercial do Mundo Helenístico. Em 30 a.C., iniciou-se o período romano. A minoria romana conservou a organização da época helenística, com base nos nomos (províncias). O camponês era esmagado por altos impostos e requisições. A indústria e o comércio, que deixaram de ser monopólio estatal, ganharam impulso e atingiram as mais distantes regiões. A passagem dos romanos foi marcada ainda pela construção de estradas, templos, teatros, cisternas, obras de irrigação e cidades. Uma destas foi Antinópolis, construída por Hadrianus. No final do século II da era cristã generalizaram-se os ataques nômades às fronteiras (Líbia, Etiópia, Palmira) e as perseguições ligadas à expansão do cristianismo. Após Constantinus I, começam as disputas religiosas. Em 451 a adesão da igreja alexandrina ao monofisismo levou à formação de uma igreja copta, distinta da grega, e dessa forma o que era tido como heresia, por força das perseguições imperiais, transformou-se na religião nacional egípcia. Com a divisão do Império Romano verificou-se uma progressiva substituição de Alexandria por Constantinopla em importância cultural e econômica. No século VI o declínio econômico era generalizado em todos os setores. E no início do século VII os árabes foram recebidos como autênticos libertadores.
A civilização chinesa tem uma longa história, cuja principal característica foi, até o século XIX, a imutabilidade de determinados elementos como o cultivo de cereais, a escrita, a importância da família ou o culto aos antepassados. Assim como outros povos da antiguidade, os chineses pensavam que a melhor forma de viver não consistia em modernizar-se, mas em repetir arquétipos do passado. Na Mongólia e na Manchúria desenvolveu-se uma cultura mesolítica de caçadores e agricultores no período pós-glacial. Em Linxia e Chifeng apareceram as primeiras colônias agrícolas sedentárias. No início do quarto milênio antes da era cristã, surgiu na fértil região do vale do Amarelo a civilização neolítica de Yangzhou, caracterizada pela pintura em cerâmica, pelo aperfeiçoamento das técnicas agrícolas (cultivo de cereais) e pela domesticação de animais. No começo do segundo milênio antes da era cristã, a China entrou na idade do bronze. A descoberta desse metal teve conseqüências importantíssimas. Formou-se uma vasta civilização caracterizada pela divisão da sociedade entre os nobres, habitantes das cidades-palácios, e os camponeses. A nobreza reconhecia a autoridade de um soberano, embora o poder deste, na prática, se limitasse ao campo religioso. Assim surgiu a primeira dinastia conhecida, denominada Shang (séculos XVIII-XII a.C.), da qual se tem notícia pelas inscrições encontradas em Anyang. Essa dinastia, enfraquecida pela pressão dos povos vizinhos, foi substituída entre os séculos XII e III a.C. pela dinastia Chou, que transferiu a capital para Luoyang, na região de Honan. Desde o século VIII a.C., a vasta civilização chinesa já ocupava o curso médio do rio Amarelo. Esse amplo território era de dificílimo controle. A unidade cultural do início viu-se ameaçada pelas tendências desagregadoras dos principados periféricos e pela pressão dos povos bárbaros vizinhos, sobretudo os do norte, os mongóis, pois os do sul foram vencidos e assimilados. Graças à descoberta do ferro foi possível conter as hordas que ameaçavam as fronteiras.Matin pintado no palácio de Han - século XVI.
As guerras desse período vieram acompanhadas de grande florescimento cultural. Foi nessa época que surgiram as duas principais correntes filosóficas da China: o confucionismo, que ressaltava os princípios morais, e o taoísmo, criado por Lao-tzu ou Lao-tsé, que defendia uma vida em harmonia com a natureza. Outra escola importante foi a de Mengzi ou Mengtse, que destacava a importância da educação como meio para aperfeiçoar a natureza humana. Os últimos reis Chou viveram retirados em Luoyang. Entre os anos 230 e 221 a.C., o estado de Ch'in destronou a dinastia Chou e se impôs aos príncipes locais. Embora de curta duração (221-206 a.C.), a dinastia Ch'in foi de vital importância para a China, pois lançou as bases de um império que haveria de se manter durante mais de dois milênios. O império consistia em um território unificado sob controle religioso e político de um soberano. Mas a dispendiosa política defensiva e centralizadora dos Ch'in (construção da Grande Muralha e estradas) provocou uma sublevação generalizada da qual saiu vencedor o proprietário de terras Liu Pang, que impôs sua autoridade e fundou a dinastia Han (206 a.C.-221 d.C.). A política dessa dinastia se voltou para o fortalecimento do poder real, o que tornava imprescindível enfraquecer os príncipes feudais. O governo central apoiava-se em um funcionalismo fiel; este provinha de um corpo de letrados recrutados mediante concurso. A dinastia Han coincidiu com um período de expansão comercial e agrícola que se manifestou pela rotação de culturas, pela realização de numerosas obras hidráulicas, pela formação de uma classe mercantil e pela substituição da antiga aristocracia por um grupo de proprietários de terras mais dinâmicos. Os Han também adotaram uma política expansionista que resultou na conquista do norte da Coréia, da região de Mu Us e da zona meridional até Canton. No campo ideológico, essa dinastia fez do confucionismo a doutrina oficial do estado; as idéias de Confúcio, ensinadas nas escolas, eram matéria exigida nos concursos ao funcionalismo. No fim do século II da era cristã, as sublevações populares, de inspiração taoísta, e os ataques dos nômades instalados nas fronteiras norte-ocidentais obrigaram o imperador a entregar o poder a militares e proprietários de terras nas regiões vizinhas.A época compreendida entre os anos 221 e 589 é conhecida como a dos três reinados e das seis dinastias. Nesse período, a China sofreu divisões internas e o ataque de diversos povos nômades (tibetanos, turcos e mongóis). Alguns desses povos estabeleceram-se no vale do Amarelo, o que provocou uma intensa emigração para o curso inferior do Yangzi, onde se produziu uma fecunda fusão cultural. O delta desse rio tornou-se uma próspera região agrícola, baseada nas culturas de arroz e chá. No âmbito religioso, difundiram-se o budismo e o taoísmo. Em 581, Yang Jian, alto funcionário do reino Chou do norte, conseguiu submeter à sua autoridade a região do sul, depois da conquista de Nanjing. Assim, a nova dinastia, denominada Sui, reunificou o país depois de três séculos de fragmentação política, econômica, cultural e lingüística. Durante esse período, construiu-se o grande canal que uniu o Yangzi ao Amarelo. Os reveses nas guerras contra coreanos e turcos precipitaram a queda da dinastia. Li Yuan, comandante dos exércitos do norte, aproveitou o desencadeamento de uma revolta na região oriental para assassinar o imperador e tomar o poder. A nova dinastia, a T'ang (618-907), continuou a obra reunificadora iniciada pelos Sui. Os T'ang reorganizaram a administração, derrotaram turcos e coreanos e conquistaram o Tibet. Durante essa época, a China conheceu grande desenvolvimento artístico (poesia e pintura) e científico (cartografia e matemática) e entrou em contato com outras civilizações, como a Japonesa, a coreana, a indiana e a árabe. O período de florescimento cultural e de expansão territorial da dinastia T'ang terminou com a derrota chinesa frente aos árabes em 751, na fronteira norte-ocidental. A partir desse momento, começou uma fase de decadência e esta resultou em nova fragmentação que sobreveio à queda dos T'ang, em 907. O período das cinco dinastias e dos dez estados, entre 907 e 960, caracterizou-se pelo caos político, embora tenha havido um importante desenvolvimento científico que se plasmou na invenção da imprensa. A partir de 960, a dinastia Sung reorganizou o país impondo reformas tributárias que aliviaram a situação econômica dos camponeses e favoreceram o comércio. Nessa época houve grande desenvolvimento cultural, com a difusão de textos impressos e a renovação das doutrinas confucionistas. Contudo, a nova dinastia perdeu o controle do nordeste do império. No século XI, a China ficou dividida em duas zonas: a metade meridional, ocupada pelos Sung; e a metade setentrional, em poder do reino mongol de Kitan. No século seguinte, os Juchen estabeleceram o reino Chin na China setentrional, onde se mantiveram até a chegada dos mongóis. Em 1206, Gengis Khan consolidou seu poder sobre as tribos mongóis das estepes do lago Baikal. Cinco anos depois, invadiu a China. Com a derrota definitiva dos Chin em 1234, os mongóis continuaram seu avanço para o sul em 1250. A parte meridional do país, controlada pela dinastia Sung, resistiu com denodo, mas finalmente, em 1279, todo o território chinês ficou sob a autoridade de uma dinastia estrangeira, a dos Yuan. O neto de Gengis Khan, Kublai-Khan, transferiu a capital para Khanbaliq (a futura Pequim). Durante essa época o comércio foi favorecido pelo controle da zona ocidental, que abriu as rotas para a Ásia central e a Europa. A abertura dessas rotas permitiu a chegada das idéias européias por meio de viajantes como Marco Polo e Giovanni da Montecorvino. Não durou muito o imenso império mongol, assimilado à sociedade e à cultura chinesas. Em meados do século XIV, uma revolta camponesa transformou-se em guerra de libertação contra os mongóis, cujo último imperador foi derrubado em 1368, quando o monge budista Chu Yuanchang (Hongwu) fundou a dinastia Ming. Durante esse período aumentou a atividade marítima. As embarcações chinesas chegavam à Arábia e até mesmo à África oriental. Floresceram as belas-artes (arquitetura, cerâmica) e multiplicaram-se os contatos com o exterior. No fim do século XVI os portugueses instalaram-se em Macau e vieram muitas missões jesuíticas. A partir do fim desse século, os ataques de piratas japoneses geraram grande instabilidade, que foi aproveitada pelos manchus, descendentes dos Juchen da Manchúria, que conquistaram todo o império em 1644. Até o fim do século XVIII, a China experimentou grande florescimento sob a nova dinastia Ch'ing (manchu). O império logrou sua máxima expansão territorial: pacificou-se o Tibet e os mongóis foram derrotados; o Annam (o futuro Vietnam), Myanmar e o Nepal reconheceram as fronteiras meridionais da China; e Formosa foi conquistada em 1680. A introdução de novas culturas, como a do milho e do tabaco, favoreceu o desenvolvimento agrícola, e o comércio expandiu-se com o estabelecimento de colônias européias (portuguesas, holandesas e britânicas). Além disso, a população cresceu muito: passou de 150 milhões de habitantes em 1600 para 400 milhões no começo do século XIX. Com o fim do século XVIII, porém, a China entrou em um período de crise econômica, política e social. Dessa vez, a ameaça para a dinastia Ch'ing e para a China tradicional viria da Europa, que pretendia aumentar sua penetração comercial nesse país, contra a vontade dos imperadores. A instabilidade política interna, fruto da crise econômica, serviu de brecha aos europeus para forçarem a abertura dos portos chineses ao comércio. Em 1839, os ingleses aproveitaram a destruição de um carregamento de ópio (mercadoria que introduziam na China a partir da Índia) para declarar guerra à dinastia Ch'ing. A chamada guerra do ópio terminou com a derrota chinesa. Os ingleses forçaram o Tratado de Nanjing (1842), pelo qual os chineses se comprometiam a abrir ao comércio britânico cinco portos, entre os quais os dois mais importantes do país, Xangai e Canton, e além disso cediam o de Hong Kong. Nos anos seguintes, prosseguiu a instabilidade interna. Em meados da década de 1850, sucederam-se os levantes muçulmanos das regiões de Xinjiang e Yunnan; e, em 1853, o movimento Taiping, de cunho religioso e milenarista, conquistou Nanjing e tentou expandir seu poder pelo norte da China. Uma intervenção militar franco-britânica obrigou o governo chinês a fazer novas concessões. Pelo Tratado de Pequim, firmado em 1860, abriram-se 11 outros portos no país e ofereceram-se mais vantagens aos estrangeiros.
As guerras desse período vieram acompanhadas de grande florescimento cultural. Foi nessa época que surgiram as duas principais correntes filosóficas da China: o confucionismo, que ressaltava os princípios morais, e o taoísmo, criado por Lao-tzu ou Lao-tsé, que defendia uma vida em harmonia com a natureza. Outra escola importante foi a de Mengzi ou Mengtse, que destacava a importância da educação como meio para aperfeiçoar a natureza humana. Os últimos reis Chou viveram retirados em Luoyang. Entre os anos 230 e 221 a.C., o estado de Ch'in destronou a dinastia Chou e se impôs aos príncipes locais. Embora de curta duração (221-206 a.C.), a dinastia Ch'in foi de vital importância para a China, pois lançou as bases de um império que haveria de se manter durante mais de dois milênios. O império consistia em um território unificado sob controle religioso e político de um soberano. Mas a dispendiosa política defensiva e centralizadora dos Ch'in (construção da Grande Muralha e estradas) provocou uma sublevação generalizada da qual saiu vencedor o proprietário de terras Liu Pang, que impôs sua autoridade e fundou a dinastia Han (206 a.C.-221 d.C.). A política dessa dinastia se voltou para o fortalecimento do poder real, o que tornava imprescindível enfraquecer os príncipes feudais. O governo central apoiava-se em um funcionalismo fiel; este provinha de um corpo de letrados recrutados mediante concurso. A dinastia Han coincidiu com um período de expansão comercial e agrícola que se manifestou pela rotação de culturas, pela realização de numerosas obras hidráulicas, pela formação de uma classe mercantil e pela substituição da antiga aristocracia por um grupo de proprietários de terras mais dinâmicos. Os Han também adotaram uma política expansionista que resultou na conquista do norte da Coréia, da região de Mu Us e da zona meridional até Canton. No campo ideológico, essa dinastia fez do confucionismo a doutrina oficial do estado; as idéias de Confúcio, ensinadas nas escolas, eram matéria exigida nos concursos ao funcionalismo. No fim do século II da era cristã, as sublevações populares, de inspiração taoísta, e os ataques dos nômades instalados nas fronteiras norte-ocidentais obrigaram o imperador a entregar o poder a militares e proprietários de terras nas regiões vizinhas.A época compreendida entre os anos 221 e 589 é conhecida como a dos três reinados e das seis dinastias. Nesse período, a China sofreu divisões internas e o ataque de diversos povos nômades (tibetanos, turcos e mongóis). Alguns desses povos estabeleceram-se no vale do Amarelo, o que provocou uma intensa emigração para o curso inferior do Yangzi, onde se produziu uma fecunda fusão cultural. O delta desse rio tornou-se uma próspera região agrícola, baseada nas culturas de arroz e chá. No âmbito religioso, difundiram-se o budismo e o taoísmo. Em 581, Yang Jian, alto funcionário do reino Chou do norte, conseguiu submeter à sua autoridade a região do sul, depois da conquista de Nanjing. Assim, a nova dinastia, denominada Sui, reunificou o país depois de três séculos de fragmentação política, econômica, cultural e lingüística. Durante esse período, construiu-se o grande canal que uniu o Yangzi ao Amarelo. Os reveses nas guerras contra coreanos e turcos precipitaram a queda da dinastia. Li Yuan, comandante dos exércitos do norte, aproveitou o desencadeamento de uma revolta na região oriental para assassinar o imperador e tomar o poder. A nova dinastia, a T'ang (618-907), continuou a obra reunificadora iniciada pelos Sui. Os T'ang reorganizaram a administração, derrotaram turcos e coreanos e conquistaram o Tibet. Durante essa época, a China conheceu grande desenvolvimento artístico (poesia e pintura) e científico (cartografia e matemática) e entrou em contato com outras civilizações, como a Japonesa, a coreana, a indiana e a árabe. O período de florescimento cultural e de expansão territorial da dinastia T'ang terminou com a derrota chinesa frente aos árabes em 751, na fronteira norte-ocidental. A partir desse momento, começou uma fase de decadência e esta resultou em nova fragmentação que sobreveio à queda dos T'ang, em 907. O período das cinco dinastias e dos dez estados, entre 907 e 960, caracterizou-se pelo caos político, embora tenha havido um importante desenvolvimento científico que se plasmou na invenção da imprensa. A partir de 960, a dinastia Sung reorganizou o país impondo reformas tributárias que aliviaram a situação econômica dos camponeses e favoreceram o comércio. Nessa época houve grande desenvolvimento cultural, com a difusão de textos impressos e a renovação das doutrinas confucionistas. Contudo, a nova dinastia perdeu o controle do nordeste do império. No século XI, a China ficou dividida em duas zonas: a metade meridional, ocupada pelos Sung; e a metade setentrional, em poder do reino mongol de Kitan. No século seguinte, os Juchen estabeleceram o reino Chin na China setentrional, onde se mantiveram até a chegada dos mongóis. Em 1206, Gengis Khan consolidou seu poder sobre as tribos mongóis das estepes do lago Baikal. Cinco anos depois, invadiu a China. Com a derrota definitiva dos Chin em 1234, os mongóis continuaram seu avanço para o sul em 1250. A parte meridional do país, controlada pela dinastia Sung, resistiu com denodo, mas finalmente, em 1279, todo o território chinês ficou sob a autoridade de uma dinastia estrangeira, a dos Yuan. O neto de Gengis Khan, Kublai-Khan, transferiu a capital para Khanbaliq (a futura Pequim). Durante essa época o comércio foi favorecido pelo controle da zona ocidental, que abriu as rotas para a Ásia central e a Europa. A abertura dessas rotas permitiu a chegada das idéias européias por meio de viajantes como Marco Polo e Giovanni da Montecorvino. Não durou muito o imenso império mongol, assimilado à sociedade e à cultura chinesas. Em meados do século XIV, uma revolta camponesa transformou-se em guerra de libertação contra os mongóis, cujo último imperador foi derrubado em 1368, quando o monge budista Chu Yuanchang (Hongwu) fundou a dinastia Ming. Durante esse período aumentou a atividade marítima. As embarcações chinesas chegavam à Arábia e até mesmo à África oriental. Floresceram as belas-artes (arquitetura, cerâmica) e multiplicaram-se os contatos com o exterior. No fim do século XVI os portugueses instalaram-se em Macau e vieram muitas missões jesuíticas. A partir do fim desse século, os ataques de piratas japoneses geraram grande instabilidade, que foi aproveitada pelos manchus, descendentes dos Juchen da Manchúria, que conquistaram todo o império em 1644. Até o fim do século XVIII, a China experimentou grande florescimento sob a nova dinastia Ch'ing (manchu). O império logrou sua máxima expansão territorial: pacificou-se o Tibet e os mongóis foram derrotados; o Annam (o futuro Vietnam), Myanmar e o Nepal reconheceram as fronteiras meridionais da China; e Formosa foi conquistada em 1680. A introdução de novas culturas, como a do milho e do tabaco, favoreceu o desenvolvimento agrícola, e o comércio expandiu-se com o estabelecimento de colônias européias (portuguesas, holandesas e britânicas). Além disso, a população cresceu muito: passou de 150 milhões de habitantes em 1600 para 400 milhões no começo do século XIX. Com o fim do século XVIII, porém, a China entrou em um período de crise econômica, política e social. Dessa vez, a ameaça para a dinastia Ch'ing e para a China tradicional viria da Europa, que pretendia aumentar sua penetração comercial nesse país, contra a vontade dos imperadores. A instabilidade política interna, fruto da crise econômica, serviu de brecha aos europeus para forçarem a abertura dos portos chineses ao comércio. Em 1839, os ingleses aproveitaram a destruição de um carregamento de ópio (mercadoria que introduziam na China a partir da Índia) para declarar guerra à dinastia Ch'ing. A chamada guerra do ópio terminou com a derrota chinesa. Os ingleses forçaram o Tratado de Nanjing (1842), pelo qual os chineses se comprometiam a abrir ao comércio britânico cinco portos, entre os quais os dois mais importantes do país, Xangai e Canton, e além disso cediam o de Hong Kong. Nos anos seguintes, prosseguiu a instabilidade interna. Em meados da década de 1850, sucederam-se os levantes muçulmanos das regiões de Xinjiang e Yunnan; e, em 1853, o movimento Taiping, de cunho religioso e milenarista, conquistou Nanjing e tentou expandir seu poder pelo norte da China. Uma intervenção militar franco-britânica obrigou o governo chinês a fazer novas concessões. Pelo Tratado de Pequim, firmado em 1860, abriram-se 11 outros portos no país e ofereceram-se mais vantagens aos estrangeiros.
Apesar de sua dispersão política e cultural, a antiga civilização celta estendeu sua influência por todo o continente europeu, desde as ilhas britânicas até os Balcãs, e mesmo até a Anatólia. Essa influência ainda se percebe em algumas das línguas faladas na Europa, como o gaélico e o bretão. No fim do segundo milênio antes da era cristã, os celtas começaram a individualizar-se como um grupo de características próprias depois de um longo processo de formação, no qual conseguiram impor-se a outros povos e atuar como aglutinadores de todos eles. Assim surgiu uma civilização comum a grande parte da Europa, a cultura dos túmulos (assim denominada em virtude do costume de sepultar os mortos sob grandes túmulos de terra), que alcançou seu desenvolvimento máximo por volta de 1200 a.C. Entre os séculos XII e VIII a.C., floresceu a cultura dos campos de urnas, considerada a primeira grande expansão do povo celta. Suas principais características foram a utilização de objetos de bronze e a celebração de um ritual funerário diferente do da cultura dos túmulos: o morto era incinerado, e suas cinzas postas numa urna. O período de Hallstatt se desenvolveu do século VII até o VI a.C. Originou-se na alta Áustria, onde foram exploradas as primeiras jazidas de ferro. Ocorreu nesta etapa uma novidade importante: a introdução das armas de ferro propiciou o aparecimento de uma oligarquia que, constituída como força militar, estabeleceu sua residência em povoações fortificadas, situadas em pontos estratégicos. A cultura de Hallstatt se estendeu à Alemanha meridional e oriental, nordeste da França, sudeste da Inglaterra e península ibérica. A difusão da siderurgia, a arte decorativa geométrica, os ritos funerários de sepultamento e incineração, as fortificações e sobretudo o armamento de ferro, em que se destaca um tipo de espada afiada em ponta, são os elementos mais representativos desse período. Da evolução de Hallstatt e do contato com os povos mediterrâneos nasceu a cultura La Tène, que se desenvolveu a partir do século V a.C. Foi nessa etapa que os celtas alcançaram expansão e poderio máximos. Por influência de gregos e etruscos, passaram a elaborar formas artísticas nas quais os motivos geométricos foram substituídos pelos florais, animais e humanos. A cerâmica aperfeiçoou-se com o emprego do torno, que fez surgirem objetos de formas curvas em lugar dos anteriores, retilíneos. A estrutura social se tornou cada vez mais rígida, à medida que a classe dos guerreiros aumentava seu prestígio e poder, exercendo feroz tutela sobre as rotas comerciais que atravessavam seu território. Nos túmulos cavados no solo, os nobres celtas foram substituídos pelos chefes militares. O apogeu econômico dos celtas e sua presença no mundo comercial de então podem ser detectados na cunhagem de moedas a partir do século IV a.C. Durante o período La Tène, os celtas fixaram residência em lugares de fácil defesa e difícil acesso para os possíveis inimigos ou nas margens dos rios. Foi nessa fase que a religião celta atingiu seu mais alto desenvolvimento. A magia e a adivinhação eram apanágio dos druidas, sacerdotes e sábios, dirigiam as cerimônias religiosas para celebrar as forças da natureza. A atividade desses sacerdotes, depositários da tradição cultural céltica, conservava os vínculos entre os povos celtas do continente e os das ilhas britânicas. No século IV a.C., os celtas iniciaram uma profunda incursão na Itália. Chegaram a Roma por volta de 390, atacaram os Etruscos e estabeleceram-se na região que mais tarde seria conhecida como Gália Cisalpina (planície do Pó). Também se introduziram no leste da Europa através do Danúbio e ocuparam o noroeste da Hungria, o sudoeste da Eslováquia e parte da Transilvânia. Durante o século III a.C., a expansão dos celtas alcançou a Macedônia e ameaçou Delfos. Daí continuaram até a Anatólia, onde fundaram o reino da Galácia. Expulsos dessa região, instalaram-se nas terras da futura Bulgária, onde também implantaram um de seus reinos. A partir de então, todos esses povos celtas sofreram notáveis influências Helenísticas, ampliadas ainda mais em virtude dos serviços que prestaram nos exércitos da Grécia e do Egito. A expansão celta se deteve a partir do século III a.C., em conseqüência da reação defensiva dos povos do Mediterrâneo, principalmente de Roma. O poderio romano começou a impor-se sobre uma civilização que, carente de unidade política, não tinha como se manter em já tão grande extensão territorial. Sua decadência se prolongou até o século I a.C., momento em que todas as tribos, exceto as da Irlanda, tiveram que submeter-se à nova potência emergente, o Império Romano.
Os poeni, nome dado pelos Romanos aos povos que habitavam a região onde hoje fica a Tunísia, deram origem à civilização púnica que, centralizada na cidade de Cartago, alcançaria grande desenvolvimento comercial no norte da África, no sul da península ibérica e nas ilhas mediterrâneas de Ibiza, Córsega, Sardenha e Sicília. A expressão fenícia Qart Hadasht, "cidade nova", gerou, ao latinizar-se, a denominação de Cartago, colônia fundada por comerciantes fenícios, no século IX a.C., numa região ao norte da África, de fundamental importância estratégica. A florescente civilização cartaginesa chegou a desafiar o poder de Roma, o que causou seu desaparecimento. Entre as diversas lendas sobre a fundação de Cartago, a mais difundida é a narrada na Eneida, segundo a qual a colônia foi fundada por Dido, irmã do rei fenício de Tiro, Pigmalião, de cuja ambição ela foi obrigada a fugir, abrigando-se em terras africanas. Critérios históricos mais precisos estabelecem que os Fenícios, em sua expansão, procuraram lugares apropriados para se dedicarem ao comércio, tendo encontrado na costa africana uma das melhores localizações. Embora já fosse comum no Mediterrâneo ocidental a presença dos fenícios, a cultura desse povo conheceu, com Cartago, um dos mais esplendorosos momentos de sua história. No início, a colônia dependia de Tiro, a principal cidade fenícia; mas, depois da dominação desta pelos assírios, a civilização cartaginesa sobreviveu por si mesma e conseguiu situar-se à frente das demais colônias fenícias, até constituir um império. A dinastia dos magônidas impulsionou o crescimento de Cartago, que fundou novas colônias, como Ibiza, no século VII a.C., e estendeu sua influência até a Sicília, a Sardenha e todo o litoral do Mediterrâneo. A partir desse momento, Cartago inaugurou uma política comercial que impunha ao resto das cidades fenícias o papel de meras feitorias. Nos séculos VI e V a.C., os cartagineses mantiveram sua preponderância econômica, que se viu prejudicada pela presença de comerciantes gregos na ilha da Sicília. A rivalidade pelo domínio das rotas marítimas entre Cartago e as cidades da chamada Magna Grécia, que agrupava as colônias gregas do sul da Itália, gerou conflitos freqüentes. Por volta de 480 a.C., a aliança das cidades gregas de Siracusa e Agrigento derrotou um exército púnico comandado pelo general Amílcar Barca na batalha de Hímera. Os confrontos com os gregos da Sicília se sucederam durante anos. Cidades como Gela, Siracusa ou Camarina sofreram constantes ataques dos cartagineses, preocupados em salvaguardar seu império. Cartago não desistiu até conseguir dominar a ilha, de grande importância para a sua economia. A partir da segunda metade do século V a.C., a civilização púnica, que durante séculos se havia baseado no predomínio marítimo, iniciou um movimento de expansão para o interior das terras onde exercia seu poder. Os povos da Sardenha, da península ibérica e do norte da África viram penetrar o exército cartaginês, obrigado pelas contínuas campanhas e pelas necessidades defensivas a estabelecer bases continentais em que pudesse obter soldados mercenários. Assim, celtiberos, líbios, númidas e mauritanos passaram a integrar seu núcleo militar. O grande império púnico, cuja força residia no domínio comercial, se viu defrontado com o crescente poder da civilização romana. O antagonismo entre os dois povos originou as três guerras púnicas, a primeira das quais (164-241 a.C.) nasceu do conflito entre as cidades sicilianas de Messina, apoiada por Cartago, e Siracusa em 264 a.C. A segunda guerra púnica (218-201 a.C.) se originou nas campanhas de conquista realizadas por Aníbal em território ibérico. A terceira guerra púnica (149-146 a.C.) foi precipitada pelos ataques de Massinissa, chefe númida, e Cartago sucumbiu depois de um terrível assédio de três anos. Quando os soldados romanos entraram na cidade, destruíram cada rua e cada casa. A posição estratégica de Cartago levou os romanos a construírem no local, em 35 a.C., uma nova cidade, submetida mais tarde ao domínio Bizantino. Quando, em 696, os árabes se apoderaram da região, encontraram apenas ruínas. Os cartagineses se dedicaram principalmente à vida comercial. Exploraram de modo racional e exaustivo todas as rotas mercantis mediterrâneas abertas pelos fenícios, assim como suas colônias. Cartago era uma cidade-estado edificada sobre uma península e dispunha de vários portos aparelhados tanto para a comunicação quanto para a defesa. O estado apoiou e desenvolveu a iniciativa mercantil sem sobrecarregar com impostos as transações comerciais privadas. Mas todos os barcos que atracavam em portos de domínio cartaginês tinham que pagar elevados tributos à metrópole. As colônias do Mediterrâneo registraram a presença de comerciantes cartagineses dedicados à compra e à venda de vinho, azeite de oliva, jóias e perfumes. A sociedade era dominada pela aristocracia, que ocupava os altos cargos militares e também controlava a vida econômica. No começo o governo era encabeçado por um rei, mais tarde substituído por dois sufetas (supremos magistrados). Os problemas políticos eram debatidos no Senado, cujos membros procediam da nobreza. No século V a.C., seu poder reduziu-se e foi criada outra instituição paralela, que partilhava as funções legislativas, o Tribunal dos Cento e Quatro. A religião cartaginesa, originada em grande parte da fenícia, se fundamentava no medo e na submissão a deuses cruéis e terríveis. Professava-se o culto a Baal-Hamon, senhor dos altares; a Tanit, ligada à fertilidade e à Lua; e a outras divindades fenícias, como Melqart. Os deuses não tinham representação física e eram concebidos como símbolos abstratos de significado misterioso.
Famosos desde os tempos antigos pela crueldade e pelo talento guerreiro, os assírios também se destacaram pela habilidade na construção de grandes cidades e edifícios monumentais, como atestam as ruínas encontradas em Nínive, Assur e Nimrud. Estabelecido no norte da Mesopotâmia, o império assírio foi uma das civilizações mais importantes do Oriente Médio. Os primeiros povoadores conhecidos da região eram nômades semitas que começaram a levar vida sedentária ao longo do IV milênio a.C. Alguns dados atestam a formação, a partir do século XIX a.C., de um pequeno estado assírio, que mantinha relações comerciais com o império Hitita. No século XV a.C., depois de longo período de submissão ao império da Suméria, o estado assírio, com capital em Assur, começou a tornar-se independente e a se estender. Puzur-Assur III foi o primeiro monarca que, livre da opressão suméria, empreendeu a expansão do reino. Graças ao apogeu comercial, os assírios puderam lançar-se, sob o reinado de Shamshi-Adad I (1813-1781 a.C., aproximadamente), às conquistas que tanta glória lhes trouxeram. O soberano concentrou esforços na construção de um estado centralizado, segundo o modelo da poderosa Babilônia. Suas conquistas se estenderam aos vales médios do Tigre e do Eufrates e ao norte da Mesopotâmia, mas foram barradas em Alepo, na Síria. Morto o rei, seus filhos não puderam manter o império em virtude dos constantes ataques de outros povos e dos desejos de independência dos súditos. A Assíria caiu sob o domínio do reino de Mitani, do qual se libertou em meados do século XIV a.C. O rei Assur-Ubalit I (1365-1330) foi considerado pelos sucessores o fundador do império assírio, também conhecido como império médio. Para consolidar seu poder, estabeleceu relações com o Egito e interveio nos assuntos internos da Babilônia, casando sua filha com o rei desse estado. Depois de seu reinado, a Assíria atravessou uma fase de conflitos bélicos com hititas e babilônios, que se prolongou até o fim do século XIII a.C. Quem afinal conseguiu impor-se foi Salmanasar I (1274-1245), que devolveu ao estado assírio o poder perdido. Esse monarca estendeu sua influência até Urartu (Armênia), apoiado num exército eficaz que conseguiu arrebatar da Babilônia suas rotas e pontos comerciais. Sob o reinado de Tukulti-Ninurta I (1245-1208), o império médio alcançou seu máximo poderio. A mais importante façanha do período foi a incorporação da Babilônia, que ficou sob a administração de governadores dependentes do rei assírio. Com as conquistas, o império se estendeu da Síria ao golfo Pérsico. Depois da morte desse rei, o poder assírio decaiu em benefício da Babilônia. Passado um período de lutas contra os invasores hurritas e mitânios, a Assíria ressurgiu, no fim do século XII a.C., com Tiglate-Pileser I (1115-1077), que venceu a Babilônia numa campanha terrivelmente dura. Após sua morte, a Assíria sofreu o domínio dos arameus, do qual não conseguiu libertar-se até que Adad-Ninari II (911-891) subiu ao trono. Tukulti-Ninurta II (890-884) devolveu à Assíria a antiga grandeza e submeteu a zona de influência dos arameus, no Eufrates médio. Sucedeu-lhe Assur-Nasirpal II (883-859), o mais desumano dos reis assírios, que pretendeu reconstruir o império de Tiglate-Pileser I e impôs sua autoridade com inusitada violência. Foi o primeiro rei assírio a utilizar carros de guerra e unidades de cavalaria combinadas com a infantaria. Seu filho Salmanasar III (858-824), conquistador da Síria e do Urartu, foi igualmente cruel. O último grande império assírio iniciou-se com Tiglate-Pileser III (746-727), que dominou definitivamente a Mesopotâmia. Sua ambição sem limites o levou a estender o império até o reino da Judéia, a Síria e o Urartu. Salmanasar IV e Salmanasar V mantiveram o poderio da Assíria, que anexou a região da Palestina durante o reinado de Sargão II (721-705). O filho deste, Senaqueribe (704-681), teve que enfrentar revoltas internas, principalmente na Babilônia, centro religioso do império que foi arrasado por suas tropas. Asaradão (680-669) reconstruiu a Babilônia e atacou o Egito, afinal conquistado por seu filho Assurbanipal (668-627). No ano 656, porém, o faraó Psamético I expulsou os assírios do Egito e Assurbanipal não quis reconquistar o país. Com esse soberano, a Assíria tornou-se o centro militar e cultural do mundo. Depois de sua morte, o império decaiu e nunca mais recuperou o esplendor. Fruto das múltiplas relações com outros povos, a civilização assíria alcançou elevado grau de desenvolvimento. Entre as preocupações científicas dos assírios destacou-se a astronomia: estabeleceram a posição dos planetas e das estrelas e estudaram a Lua e seus movimentos. Na matemática alcançaram alto nível de conhecimentos, comparável ao que posteriormente se verificaria na Grécia clássica. O espírito militar e guerreiro dos assírios se reflete em suas manifestações artísticas, principalmente nos relevos que decoram as monumentais construções arquitetônicas. Representam sobretudo cenas bélicas e de caça, em que as figuras de animais ocupam lugar de destaque, como no relevo "A leoa ferida". Também cultivaram a escultura em marfim, na qual foram grandes mestres, como se constata nos painéis de Nimrud, que sobreviveram à madeira dos móveis em que eram originariamente incrustados. A religião assíria manteve as ancestrais tradições mesopotâmicas, embora tenha sofrido a introdução de novos deuses e mitos. A eterna rivalidade entre assírios e babilônios chegou à religião com a disputa pela preponderância de seus grandes deuses, o assírio Assur e o babilônio Marduk. O império assírio sucumbiu ao ataque combinado de medas e babilônios. Sob as ruínas de uma esplêndida civilização, ficou a trágica lembrança de suas impiedosas conquistas e da ilimitada ambição de seus reis.
Babilônia (em babilônio: Bab-ilu, “porta de Deus” persa antigo, abirush), antigo reino da Mesopotâmia, conhecido originalmente como Sumer e depois como Sumer e Acad, entre os rios Tigre e Eufrates, ao sul da atual Bagdá, Iraque. A civilização babilônica, que existiu do século XVIII ao VI a.C., era, como a Suméria que a precedeu, de caráter urbano, embora baseada mais na agricultura do que na indústria. O país compunha-se de 12 cidades, rodeadas de povoados e aldeias. No alto da estrutura política estava o rei, monarca absoluto que exercia o poder Legislativo, Judicial e Executivo. Abaixo dele havia um grupo de governadores e administradores selecionados. Os prefeitos e conselhos de anciãos da cidade eram encarregados da administração local. Os babilônios modificaram e transformaram sua herança suméria para adequá-la a sua própria cultura e maneira de ser e influenciaram os países vizinhos, especialmente o reino da Assíria, que adotou praticamente por completo a cultura babilônica. Mais de 1.200 anos se passaram desde o glorioso reinado de Hamurabi até a conquista da Babilônia pelos Persas. Durante esse longo período, a Estrutura Social e a Organização Econômica, a Arte e a Arquitetura, a Ciência e a Literatura, o Sistema Judicial e as Crenças Religiosas babilônicas, sofreram considerável mudança. Baseados na cultura do Sumer, os feitos culturais da Babilônia deixaram uma profunda impressão no mundo antigo e particularmente nos Hebreus e Gregos. A influência babilônica é evidente nas obras de poetas gregos como Homero e Hesíodo, na Geometria do matemático grego Euclides, na Astronomia, Astrologia, Heráldica e na Bíblia. Babilônia se rendeu a Alexandre o Grande em 331 a.C., que depois de reconstruir alguns de seus monumentos, morreu no palácio de Nabucodonosor, quando voltava da Índia em 323 a.C. O Sátrapa persa Mazaios foi designado o governador da Babilônia pelo conquistador macedônio e foi inaugurada uma distinta série de moedas, os Tetradrachmas de Attica que continuou sendo emitidos até a metade do próximo século. Uma série contemporânea, baseada nas "Corujas" atenienses e nos velhos tipos de "Aquemênida", dinastia persa, também foram produzidos. Babilônia foi eclipsada em última instância por Selêucia no Tigre, fundada em 312 a.C. pelo primeiro dos monarcas dos Selêucidas, e durante o período Helenístico declinou gradualmente.
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